Opinião
As irmãs Porto, a impunidade e o combate às facções em MT
CORONEL ALEXANDRE MENDES
Coronel Alexandre Mendes
A criminalidade é diretamente proporcional à impunidade. A decisão de amputar dedos, lacerar membros e transmitir em live a executação de mulheres indefesas, como vimos em Porto Espiridião, só acontece num país cujas leis e seu cumprimento são tão raquíticas que servem de carta branca ao crime organizado. Disso podemos concluir que se quisermos acabar com essas atrocidades devemos acabar com a impunidade. Abro este texto dizendo pela enésima vez que a impunidade tortura e mata. Ademais, sem penas certas de serem cumpridas, e cumpridas rigidamente!, caberá somente às polícias o combate às faccões. E esse combate, essa verdadeira guerra, tem sido travada com toda energia e profundidade pela Polícia Militar de Mato Grosso.
Enquato digito estas linhas sou reportado em detalhes de um confronto ontem (18, quarta) onde três faccionados foram neutralizados pela Gloriosa em Sinop. Hoje pela manhã, quinta, acompanho uma ocorrência em Vila Bela onde as primeiras notícias dão o número de seis faccionados a menos. Assim, posso dizer que se recebêssemos uma informação, minimamente precisa quanto ao local ou pessoas no andamento dos fatos, certamente os mortos noticiados hoje não seriam as irmãs Porto.
Nossa batalha diária se ausente do suporte da lei contra o criminoso depende em contrapartida enormemente do cidadão de bem. Embora dever do Estado a segurança pública é responsabilidade comum a todos. Se fracassa a lei em coibir, fracassam também pais e toda uma malha de proteção social que previne o crime e protege nossas crianças. Da mãe que embala o recém-nascido ao legislador, passando pelo policial ou professor, essa é uma guerra a ser combatida cada qual em seu front.
Passei os últimos oito dias na estrada encorajando a tropa em cada vila, distrito ou cidade que passava. De Araguainha a Confresa, de General Carneiro a Vila Rica. É meu dever olhar no olho do policial que vive essa luta, com todos os seus riscos legais e perigos de vida. É meu dever ouvi-lo e orientá-lo ali no seu dia a dia. É meu dever ser acima de tudo um soldado da sociedade que não se omite, dando testa no fragor dessa batalha que será, creio, vencida. E por que digo isso?
Em primeiro lugar, porque o aumento da quantidade de confrontos reflete a precisão do serviço de inteligência que coloca a polícia frente a frente com o criminoso no flagrante, possibilitando a prisão ou a neutralização, sempre no revide da injusta agressão; os dados apontam isso. Dois, porque as apreensões recordes de drogas realizadas nesse semestre têm elevado o acirramento das faccões entre si por causa do vultoso prejuízo sofrido, gerando por um lado mais letalidade entre as próprias faccões e, por outro, legando mais tempo para agirmos em todas as frentes, da investigação e consequentes operações ao patrulhamento orientado e tático. Três, porque temos um Governo atento a evolução desse cenário e é radicalmente intransigente com o crime organizado e, por isso, investe fortemente em segurança pública.
Não se trata de uma luta fácil, mas em concerto de esforços, como temos feito pela destra do nosso Governador Mauro Mendes e nosso Secretário Roveri, Mato Grosso sairá vitorioso dessa guerra contra às facções que se dá em todo país e não se instalará com derrota em nosso Eldorado; jamais!
Coronel Alexandre Mendes é comandante-Geral da PMMT
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