Mato Grosso

Conab projeta alta de 12,8% em safra de soja do Brasil, mas alerta para clima

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A safra de soja do Brasil na temporada 2024/25 poderá atingir um recorde de 166,28 milhões de toneladas, alta de 12,82% ante o ciclo anterior, segundo uma avaliação inicial publicada nesta terça-feira (17) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que alertou para eventuais impactos do clima.

Num cenário de condições climáticas normais, a safra de soja no maior produtor e exportador mundial poderia crescer com uma combinação de maior área plantada e melhores produtividades, apontou a Conab, em seu relatório Perspectivas para a Agropecuária.

A área plantada com soja no Brasil pode crescer 3%, para históricos 47,4 milhões de hectares, acrescentou a Conab.

A produtividade tende a apresentar recuperação, após problemas climáticos nos principais Estados produtores brasileiros, disse a estatal. Mas o clima é fator de atenção.

“Não sabemos como vai se desenvolver (o La Niña), como estamos em processo de mudanças climáticas muito acentuado, principalmente com elevações expressivas das temperaturas”, afirmou o diretor-executivo de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto, durante a apresentação dos dados.

Ele citou que o Brasil esteve com temperaturas nos últimos 14 meses acima das médias históricas.

“Isso é muito significativo”, declarou. “Estamos de certa forma vivendo este momento agora (de mudanças climática), algo bastante preocupante.”

Porto notou que “possivelmente” o Brasil terá um novo atraso no plantio “em função das chuvas que ainda não chegaram”.

“Não sabemos se este atraso será intenso, ou se as chuvas serão muito irregulares, temos aí grande complexidade em relação ao acompanhamento da safra que vai se iniciar”, disse ele.

No ano passado, o plantio da soja também atrasou e as chuvas foram bastante irregulares, de forma atípica em Mato Grosso, gerando problemas de produtividade.

“Portanto, diria que o que está sendo lançado é um olhar a partir de dados históricos. Irá acontecer efetivamente? A Conab estará acompanhando”, comentou.

A produtividade média foi estimada em 3,5 toneladas por hectare, alta de 9,6% após a seca e as enchentes terem afetado os resultados das lavouras no ciclo anterior.

Neste primeiro momento, a Conab utilizou modelos estatísticos para realizar as estimativas da nova safra, cujo plantio está sendo iniciado nas áreas que receberam as primeiras chuvas.

O primeiro levantamento da companhia, com base em pesquisas de campo, será divulgado em meados de outubro.

Segundo a Conab, mesmo com a pressão baixista nos preços nacionais e os desafios de rentabilidade, a oleaginosa continua a ser uma “cultura lucrativa e com alta liquidez”.

“A crescente demanda global, impulsionada pelo aumento do esmagamento e pela expansão da produção de biocombustíveis, tanto no Brasil quanto internacionalmente, alimenta expectativas de crescimento nas exportações e no esmagamento interno”, afirmou.

Safra de milho

A safra total de milho foi estimada em 119,8 milhões de toneladas, alta de 3,58% versus o ciclo passado, considerando um aumento marginal de 0,14% na área plantada, para 20,99 milhões de hectares, com o restante do aumento previsto vindo de melhorias na produtividade.

A segunda safra de milho, plantada somente no início do próximo ano, após a colheita da soja, teve uma área estimada em 16,49 milhões de hectares, com alta de 0,92%.

Com isso, a safra de inverno do cereal cresceria 4,14%, para cerca de 94 milhões de toneladas.

A Conab estimou a produção de algodão em pluma em novo recorde de 3,675 milhões de toneladas (pluma), alta de 1%, com a área plantada superando 2 milhões de hectares, com avanço de 3,2%.

A produção total de grãos e oleaginosas foi estimada em recorde de 326,9 milhões de toneladas em 2024/25, alta de 8,2%, com expectativa de recuperação da soja.

De acordo com a análise da Conab, a projeção é de um incremento na área destinada ao arroz na temporada 2024/2025 “mais intenso” do que o identificado na safra 2023/2024, por conta de preços e melhora na rentabilidade. Com isso, a perspectiva é de uma alta de 11,1% na área destinada para o grão, e uma produção estimada em 12,1 milhões de toneladas, “recuperando o volume obtido na safra 2017/2018”.

A companhia destacou ainda que, pela primeira vez, o estudo Perspectivas para a Agropecuária é realizado em parceria com o Banco do Brasil.

“Trata-se da materialização do início de parceria inédita firmada entre a Companhia e o Banco do Brasil, por meio de Acordo de Cooperação Técnica, que abrangerá atividades de pesquisa, de desenvolvimento, de treinamento, de intercâmbio de tecnologias e de metodologias, de produção de informações agropecuárias e de ações promocionais conjuntas em feiras e eventos estratégicos para as instituições”, afirmou.



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