Política

Contadora diz que foi forçada a assinar balanço com dados falsos

Published

on


No ação em que denúnciou seis ex-diretores da Unimed Cuiabá por um rombo de R$ 400 milhões, o Ministério Público Federal promoveu o arquivamento da investigação contra a contadora Maria Gladis dos Santos, que foi gerente da Controladoria da cooperativa entre os anos de 2014 e 2023.

 

O rombo, ocorrido durante a gestão do médico Rubens Carlos de Oliveira Júnior, começou a ser descoberto após Maria Gladis afirmar, em março do ano passado, ter sido obrigada a assinar um balanço contábil com dados falsos referente às contas de 2022 da cooperativa.

 

Ao arquivar o procedimento, o MPF afirmou que Maria Gladis sofreu “coação moral irrestível” com a ameaça de perder o emprego caso não obedecesse a ordem. No Direito, este tipo de coação é uma das hipóteses de exclusão da culpabilidade.  

 

Victor Ostetti/MidiaNews

Rubens Carlos

O médico Rubens Carlos, ex-presidente da Unimed Cuiabá, sendo preso pela Polícia Federal

O rombo está no centro da investigação que levou à Polícia Federal a deflagrar a Operação Bilanz, na quarta-feira (30).

 

A contadora fez o relato durante assembleia geral ordinária da cooperativa realizada no dia 4 de março de 2023. 

 

Segundo a profissional, a diretoria liderada por Rubens foi taxativa: se não referendasse os dados e informações – das quais ela discordava -, seria demitida.

 

As declarações foram feitas publicamente, quando a contadora pegou o microfone e fez uso da palavra na assembleia.

  

A profissional resolveu se posicionar após a leitura de um parecer da auditoria independente e do Conselho Fiscal, que apontou “gravíssimas inconsistências” no balanço patrimonial apresentado pelo CEO, Eroaldo Oliveira, que também foi preso nesta quarta.

 

Com o relato da contadora, os cooperados exigiram uma auditoria completa nas contas, que foi contratada e concluída três meses depois. 

 

A analisar do balanço contábil de 2022, a auditoria independente identificou um prejuízo de R$ 400 milhões, diferente do exposto por Rubens, que era um balanço de R$ 371,8 mil de resultado positivo.

 

Os números da gestão Rubens estavam sendo questionados desde 2022, por meio de notificações da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

 

As inconsistências contábeis também teriam sido apontadas pelos Conselhos Fiscais em 2021 e 2022.

 

A operação prendeu Rubens, Eroaldo, a ex-diretora administrativa financeira Suzana Aparecida Rodrigues dos Santos Palma, a ex-superintendente administrativa financeira Ana Paula Parizzotto, a contadora Tatiana Bassan e a advogada Jaqueline Larréa. Eles, no entanto, conseguiram a liberdade no mesmo dia.

 

Os seis vão responder por falsidade ideológica e uso de documentos falsos. 

 

O arquivamento da processo contra a contadora foi tomada usando-se a chamada “excludente de coação moral irrestível”, já que ela teria sido ameaçada de demissão caso não assinasse o balanço com irregularidades.

 

Expulsão

 

Em agosto de 2023, uma outra assembleia da Unimed autorizou o atual presidente da cooperativa, o médico Carlos Bouret, a ajuizar ações de responsabilização contra Rubens e outros membros da diretoria anterior.

 

Por conta do escândalo, Rubens foi afastado, por tempo indeterminado, do Conselho de Administração da Federação Unimed Mato Grosso. Meses depois, ele foi expulso do quadro de cooperados.

 

Além de Rubens, a médica Suzana Aparecida Rodrigues dos Santos Palma, ex-diretora administrativa-financeira da cooperativa no período da gestão do ex-presidente, também foi expulsa.

 

Operação

 

A operação investiga problemas em contratos irregulares, antecipação de pagamentos de forma indevida, relação desigual com fornecedores, aquisições e construção de obras sem a autorização em assembleia geral. 

 

Estão sendo apurados os crimes de falsidade ideológica, estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

 

Como parte das medidas investigativas, o Ministério Público Federal (MPF) requereu o cumprimento de mandados de busca e apreensão, afastamento de sigilos telemático, financeiro e fiscal, além do sequestro de bens dos investigados.

 

A Unimed Cuabá possui mais de 1.400 cooperados, cerca de 220 mil usuários e faturamento anual estimado em R$ 1,5 bilhão.

 

Leia mais sobre o assunto:

 

Contadora da Unimed diz que foi “pressionada” a assinar balanço

 

Ex-presidente da Unimed Cuiabá é preso em operação da PF

 

Por unanimidade, Unimed aprova a expulsão de ex-presidente

 

Auditoria aponta R$ 400 milhões de prejuízo contábil na Unimed

 

Federação da Unimed afasta ex-presidente por prejuízo fiscal

 

 





Fonte: Mídianews

Continue Reading
Advertisement

CIDADES

Advertisement

POLÍTICA

Advertisement

POLÍTICA

Advertisement

MATO-GROSSO

Advertisement

GRANDE CUIABÁ

As mais lidas da semana