Mato Grosso
Frente fria no Sudeste espalha poluição para o interior do Brasil
A passagem de uma frente fria que vem do Sul para região Sudeste do Brasil, entre a madrugada deste sábado (14) e o início de domingo (15), trouxe queda nas temperaturas em Curitiba e em São Paulo. A sensação de alívio no calor, entretanto, não deve resultar em melhora na poluição atmosférica.
Em entrevista à CNN neste domingo, a meteorologista Heloísa Pereira falou sobre o cenário para a próxima metade de setembro, projetando a expectativa do clima para o início da primavera. Segundo ela, a passagem dessa frente fria não tem produzido melhora para a dispersão dos poluentes que tomam conta do céu no centro-sul do Brasil.
Previsão para os próximos dias
A meteorologista explica que as regiões da faixa leste do estado paulista se beneficiam da frente fria e da queda nas temperatura até a próxima sexta-feira (20), quando o calor deve voltar com intensidade.
A “trégua”, no entanto, será uma realidade apenas para uma parte dos paulistas. “Quem está no lado oeste do estado fica em condições totalmente diferentes”, pondera Heloísa.
A situação no Centro-Oeste também mostra melhora, porém, menos significativa. Em Cuiabá, a trégua causa uma diminuição de 4°C, em média, nas temperaturas. A capital do Mato Grosso registrou temperaturas de 44ºC nos últimos dias. Durante a próxima semana, a máxima esperada é 40ºC.
A realidade vai mudar para região Centro-Sul do país a partir de sexta-feira (20), com a volta dos impactos do calor e baixa umidade. Destaque para a região Centro-Oeste, que tem previsão de temperaturas até 7°C acima da média para época do ano. Veja no mapa acima.
Na primavera faz mais calor do que no verão
Embora exista uma crença de que o verão seja a época mais quente do ano, Heloísa explica que, na prática, não é bem assim. Embora a sensação de calor seja prolongado durante o verão pelo aumento da umidade, é durante a primavera que os termômetros marcam as maiores médias.
A especialista alerta que a partir do início da primavera, em 22 de setembro, os termômetros podem bater até 7°C acima da média nas regiões como o lado Oeste de São Paulo e todo o Centro-Oeste.
A expectativa, segundo a meteorologista, é que a primavera de 2024 tenha temperaturas acima da média histórica.
Atuação da frente fria em atmosfera poluída
Embora o Centro-Oeste tenha apresentado formação de nuvens neste domingo, o fenômeno não se deu por conta do acumulo de umidade, mas pela concentração de poluentes carregados pela frente fria, que vem rumo ao Sudeste.
A meteorologista explica que a frente fria serviu para atrair uma pluma de poluentes para o interior do Brasil, como se ela estivesse passando e atraindo os gases poluentes, ao invés de trazer um alivio para o Centro-Oeste. Isso faz com a condição de nebulosidade fique pior.
Embora o calendário astronômico indique que a primavera começa no próximo dia 22, do ponto de vista meteorológico, as mudanças já começaram a partir do dia 1 de setembro. O grande acúmulo de poluentes no ar foi algo que interferiu inclusive na transição atmosférica entre as estações.
“A atração dos ventos do Norte para o Sudeste começam nesta época. (…) Nesse começo tá uma grande bagunça, porque ao invés de atrair umidade e instabilidades, a gente tinha uma grande quantidade de poluentes em suspensão, e vai ser difícil dispersar isso”, afirma.
Um mapa mostra como a baixa pressão desta frente fria atua dispersando a alta concentração de poluentes entre as regiões Sudeste e Centro-Oeste. Veja abaixo.
Precisamos de mais frentes frias
A especialista explica que o Brasil precisa de cinco ou seis novos episódios de instabilidades para que a atmosfera sinta os impactos positivos desse fenômeno. “Para que a frente fria possa limpar o ar, e não só espalhar os poluentes, mas também melhorar a umidade do ar”, afirmou.
Ela ressalta que esse movimento de novas formações precisa de tempo para acontecer. Mas, segundo ela, a climatologia uma hora vai vencer.
“Nem que seja de forma gradual, lenta, ao longo de Outubro, a gente pode esperar que ela vai vencer”, disse.
A meteorologista ressalta que embora as expectativas dessas novas frentes frias sejam menos frequentes do que a média para época do ano, a expectativa é que o clima seco e o ar poluído melhorem a partir de outubro.
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