Cidades
Técnica de drenagem para pastagem é ameaça ao Pantanal, diz pós-doutora

Reprodução/Eduardo Rosa/MapBiomas
A realização de drenagens realizadas no Pantanal mato-grossense, que retiram a água do solo e a água subterrânea para uso da área para pastagens ou outros fins, é um dos principais problemas enfrentados no bioma, que leva à seca da planície alagável e ameaça o equilíbrio e a vida no Pantanal. A análise é feita pela pós doutora em Ecologia em Áreas Úmidas, Cátia Nunes da Cunha.
“As drenagens estão ocorrendo em toda a região mato-grossense, nessas áreas úmidas, nas várzeas, nos campos murundus e também dentro do Pantanal. Os proprietários das terras não querem que a área seja úmida, para utilizar, para fazer pasto ou para qualquer outro destino. Então, eles fazem drenos profundos para a água sair dessas áreas e ficarem secas”, explica.
Rodinei Crescêncio
Cátia Nunes da Cunha, pós-doutora em Ecologia em áreas úmidas: sem ação política
Segundo a pesquisadora, a extensão da seca e as questões climáticas já são desafios preocupantes para o bioma e as drenagens contribuem ainda mais para a seca, com a água subterrânea cada vez mais rebaixada.
Uma regulamentação de 2022 abriu brechas para essas drenagens nas áreas úmidas, de modo geral.
A resolução 45/2022 do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema-MT), permite tanto os drenos antigos quanto os novos, em áreas úmidas de Mato Grosso. A norma permite drenagens em áreas com ocorrência de plintossolos, com teor de argila maior que 15%, conforme parâmetros definidos. No entanto, a pesquisadora explica que esse tipo de solo ocupa a maior parte dos solos em áreas úmidas. A estimativa é que esse tipo de solo ocupa cerca de 1,5 milhão de hectares do estado.
“Dessa forma, temos todo o Mato Grosso passível de fazer essas drenagens. A Bacia do Alto Paraguai, que é a cabeceira do Pantanal, também está passível”, exemplifica.
“O Pantanal sem água, não é Pantanal, porque ele é uma área úmida, é uma planície alagável, necessita disso”
Frisa a pós-doutora em Ecologia, Cátia da Cunha
A regulamentação não se aplica para atividades no Pantanal. No entanto, segundo a especialista, na prática não é o que acontece. “Dentro do Pantanal, que seria proibido, estão fazendo os drenos, porque acreditam no que não vão ser punidos. Mandamos inúmeras documentos mostrando a inviabilidade disso, mas fomos ignorados completamente”, explicou.
As áreas úmidas são essenciais para o equilíbrio ambiental e bem estar da população, já que auxilia no ciclo da água; na conservação da biodiversidade; regulação climática através dos estoques de carbono; e, até, no fornecimento de alimentos. Para o Pantanal, essas áreas são vitais. “O Pantanal sem água, não é Pantanal, porque ele é uma área úmida, é uma planície alagável, necessita disso. A sua formação é de um afundamento nessa região. Se não houvesse esse afundamento, essa bacia que se formou, nós não seríamos Pantanal”,
Para a pesquisadora, uma adaptação climática é medida urgente para enfrentar os desafios vividos no Pantanal e nas áreas úmidas como um todo.
“Até agora nós não tivemos uma ação política de adaptação, que é de nos dar condição de sobreviver, fazer o ecossistema sobreviver, diante de mudanças climáticas tão grandes. As mudanças já estão ocorrendo, temos que aceitar e providenciar as adaptações. Nós não podemos levar em frente, por exemplo, programas de desenvolvimento que destroem a as áreas úmidas, programas de desenvolvimento como a hidrovia que quer drenar mais, tirar o assoreamento, deslocar o Rio Paraguai, pois isso irá facilitar a seca no Pantanal com muito maior força. Então esses planos devem ser revistos. É urgente termos medidas políticas proativas para adaptações, para podermos prosseguir com o Pantanal”, pontua.
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