Cidades
Comércio de MT é contra fim da escala 6×1 e vê prejuízos: “proposta infeliz”
A possibilidade de mudança na jornada de trabalho semanal e fim da escala de trabalho 6×1, que vem mobilizando as redes sociais e causando uma discussão polêmica nos últimos dias, pode prejudicar o setor de comércio e serviços, mexendo na estrutura das empresas e aumentando custos, avalia o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso, Marco Pessoz. Já o economista Vivaldo Lopes afirma que há prós e contras, mas que o impacto direto será a oneração do setor e isso irá chegar até a população de alguma forma.
“É uma proposta infeliz. O impacto vai depender de cada setor, de cada atividade. Uma grande empresa ou um banco, por exemplo, talvez não sofra tanto com as mudanças. Mas se você tem uma empresa que tem dois funcionários, mexe em toda a estrutura dela. Isso pode gerar um aumento de custo, menor produtividade, menor entrega em uma mesma receita”, afirma Marco Pessoz em conversa com o .
Rodinei Crescêncio/Rdnews
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A alteração é prevista em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Hoje, a carga horária, estabelecida pelo artigo 7º da Constituição Federal, assegura ao trabalhador um expediente de até oito horas diárias e 44 horas semanais. O texto inicial da PEC sugere que o limite caia para 36 horas semanais, sem alteração na carga máxima diária de oito horas e sem redução salarial. Isso permitiria que o país adotasse o modelo de quatro dias de trabalho.
A Federação acredita que a imposição de uma redução da jornada de trabalho sem a correspondente redução de salários implicará diretamente no aumento dos custos operacionais das empresas e que esse aumento inevitável na folha de pagamento pressionará ainda mais o setor produtivo.
“Você mexe em toda a estrutura da empresa. Isso pode gerar um aumento de custo, menor produtividade e menor entrega em uma mesma receita”
Marco Pessoz, vice-presidente da Fecomercio-MT
Segundo Pessoz, é preciso melhorar a produtividade para que o resultado possa ser repassado para o benefício do empresário e do trabalhador, o que não será possível com esse regime de trabalho. “Provavelmente vai ter uma redução de salário. Se a pessoa trabalhar menos, o empresário não vai querer pagar a mesma coisa. Se eu tenho que pôr mais alguma pessoa para complementar o serviço, e minha renda é a mesma, o que eu vou fazer? Reduzir o custo. Por isso é uma proposta mal pensada”, diz.
Além disso, o vice-presidente pontua que as atividades comerciais e de serviços exigem uma flexibilidade que pode ser comprometida com a implementação da semana de quatro dias, dificultando o atendimento às demandas dos consumidores e comprometendo a competitividade do setor. Para ele, a redução da jornada de trabalho deve ser discutida no âmbito das negociações coletivas, respeitando as especificidades e limitações de cada setor econômico e evitando a imposição de uma regra única.
“Se tem alguma coisa que precisa ser ajustada, tem que ser na comissão coletiva, que é o lugar onde se encontram os setores. Os empresários e os trabalhadores daquele setor sabem das suas necessidades. Ver alguém querendo fazer alteração em toda a economia, sendo que cada um tem uma especificidade, acho sem nexo”, finaliza.
Oneração do setor
Rodinei Crescêncio/Rdnews
O impacto econômico direto dessa mudança poderá resultar, para muitas empresas, na necessidade de reduzir o quadro de funcionários para adequar-se ao novo cenário de custos, especialmente em setores de mão-de-obra intensiva. Para o economista Vivaldo Lopes, a proposta tem prós e contras.
“É uma solução interessante, em benefício do trabalhador, mas tem um custo elevado para as empresas e elas vão repassar isso para a sociedade”
Vivaldo Lopes, economista
“É uma proposta que devagar está avançando em países como França, Alemanha, Holanda, Suécia. O benefício ao trabalhador é interessante, porque vai reduzir a carga horária, vai dar mais qualidade de vida, porque ele vai ter um dia a mais pra sua família, para o seu lazer. Por outro lado, vai encarecer o custo das empresas. A empresa, o restaurante, a loja, o shopping, não vai fechar às sextas-feiras. Então, ela vai ter que contratar outra pessoa para um outro turno”, pontua.
Segundo o economista, os caminhos que as empresas devem tomar para solucionar esse aumento de custo trarão prejuízos à economia e à sociedade, como um todo.
“São dois caminhos: as empresas vão pressionar o governo pra reduzir os impostos pagos por elas, o que é ruim pra sociedade, pois a redução do recolhimento de impostos por parte das empresas vai acarretar na falta de dinheiro pra educação, saúde, segurança e outros serviços essenciais. O outro caminho será a empresa repassar esse aumento de custo para o preço final. Aumentando os preços, pressiona mais a inflação, e também, por consequência, aumenta a taxa de juros. Então, é uma solução interessante, em benefício do trabalhador, mas tem um custo elevado para as empresas e elas vão repassar isso para a sociedade, de alguma forma”, afirma.
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