A MedTrauma, empresa que está sendo investidada pela Polícia Federal (PF) por suspeita de integrar um esquema de superfaturamento de cirurgias e operações desnecessárias em pacientes, afirmou em uma nota publicada nesta quinta-feira (22) que antecipou o fim do vínculo profissional que possuía com a Prefeitura de Cuiabá. De acordo com o posicionamento, a medida se deu após o comunicado de que não conta mais com a confiança das autoridades municipais.
No último domingo, a MedTrauma foi alvo de uma matéria exibida no Fantástico, da Rede Globo, por supostamente fazer parte de um esquema de superfaturamento de até 2500% no fornecimento de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPMEs). Na última segunda-feira (19), o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), determinou a suspensão imediata dos contratos relacionados ao fornecimento deste tipo de item.
Na ocasião, o prefeito determinou ainda a realização de uma auditoria interna em todos os pagamentos efetuados pela Empresa Cuiabana de Saúde Pública à MedTrauma Serviços Médicos Especializados Ltda. Na nota, a empresa aponta que tentou de todas as formas buscar soluções, diante do decreto que suspendeu o contrato, destacando ainda que estaria há mais de três meses sem receber da Prefeitura.
“Diante da comunicação de que a MedTrauma está sofrendo uma “auditoria” – que não é apenas financeira e pode incluir também todos os procedimentos médicos e clínicos – entendemos que não podemos estar sendo questionados pelo Poder Público e, ao mesmo tempo, continuar prestando atendimento. A MedTrauma fez de tudo para colocar seu compromisso com os pacientes da capital em primeiro lugar, sacrificando até mesmo sua saúde financeira: a empresa está há mais de 3 meses sem receber da Prefeitura, o que configura a condição para a rescisão contratual. Ainda assim, buscamos manter o atendimento, arcando com pesados prejuízos. Até mesmo a falta de material para realizar cirurgias, que antes estavam zeradas, passou a acontecer nos últimos dias”, diz trecho da nota.
Na sequência, a empresa questiona o fato de que profissionais de saúde, que lidam com vidas humanas, teriam que lidar com a função de cumprir seu ofício, sendo publicamente apontados pela Prefeitura de que não contam com sua confiança. Por conta disso, a MedTrauma destacou que o mais ético a fazer é aguardar o resultado final da auditoria e suas devidas conclusões.
“Se o Poder Público se tornar fonte de insegurança e imprevisibilidade, nosso dever é colaborar para que a normalidade seja o mais rapidamente retomada, em nome do interesse público. Assim, estamos anunciando a antecipação do fim de nosso vínculo profissional com a prefeitura de Cuiabá. Estaremos atendendo até as 19 horas desta sexta-feira (23), em respeito aos pacientes e cirurgias já agendadas. Lamentamos profundamente que a situação criada, totalmente à nossa revelia, tenha chegado a esse ponto. A vida e a medicina são questões que não podem ser tratadas com nada menos do que absoluto rigor, respeito e responsabilidade. É em nome desses princípios que tomamos a decisão de permitir à Prefeitura que possa atender à população com outros profissionais, que sejam de sua absoluta confiança, para o bem da população e de todos os pacientes”, aponta a empresa.
ÍNTEGRA DA NOTA
À população de Cuiabá
Recebemos na quarta-feira, com enorme surpresa, a comunicação da prefeitura de Cuiabá de que a MedTrauma não conta com a confiança das autoridades municipais.
Nos últimos dias, tentamos de todas as formas buscar soluções diante do decreto do senhor Prefeito que suspendeu o contrato da MedTrauma e de outra norma, editada pela Empresa Cuiabana de Saúde, que na prática revogava o objeto do contrato firmado com nossa empresa.
Ainda assim, sempre colocamos a saúde em primeiro lugar e o atendimento aos pacientes como nossa missão.
Mas, diante da comunicação de que a MedTrauma está sofrendo uma “auditoria” – que não é apenas financeira e pode incluir também todos os procedimentos médicos e clínicos – entendemos que não podemos estar sendo questionados pelo Poder Público e, ao mesmo tempo, continuar prestando atendimento.
A MedTrauma fez de tudo para colocar seu compromisso com os pacientes da capital em primeiro lugar, sacrificando até mesmo sua saúde financeira: a empresa está há mais de 3 meses sem receber da Prefeitura, o que configura a condição para a rescisão contratual. Ainda assim, buscamos manter o atendimento, arcando com pesados prejuízos.
Até mesmo a falta de material para realizar cirurgias, que antes estavam zeradas, passou a acontecer nos últimos dias.
Todavia, o fato novo de quarta-feira levanta uma questão ética: como profissionais de saúde que lidam com vidas humanas podem continuar a cumprir o seu ofício se, publicamente, não contam com a confiança de seu contratante?
Dessa forma, entendemos que o mais ético a fazer é aguardar o resultado final da auditoria e suas conclusões. Se o Poder Público se tornar fonte de insegurança e imprevisibilidade, nosso dever é colaborar para que a normalidade seja o mais rapidamente retomada, em nome do interesse público.
Assim, estamos anunciando a antecipação do fim de nosso vínculo profissional com a prefeitura de Cuiabá.
Estaremos atendendo até as 19 horas desta sexta-feira (23), em respeito aos pacientes e cirurgias já agendadas.
Lamentamos profundamente que a situação criada, totalmente à nossa revelia, tenha chegado a esse ponto.
A vida e a medicina são questões que não podem ser tratadas com nada menos do que absoluto rigor, respeito e responsabilidade.
É em nome desses princípios que tomamos a decisão de permitir à Prefeitura que possa atender à população com outros profissionais, que sejam de sua absoluta confiança, para o bem da população e de todos os pacientes.
MedTrauma