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O desbocado e a certinha: os opostos de João Campos e Tabata

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Em outubro, o casal Tabata Amaral e João Campos, ambos do PSB e com 30 anos, disputará as prefeituras de São Paulo e do Recife, respectivamente.

 

Enquanto ele é favorito, ela corre por fora. E existe ainda outra corrida: a rotina entre aeroportos para se encontrarem.

 

O relacionamento funciona à distância desde 2021 – ele no Recife e ela entre São Paulo e Brasília. Os encontros são semanais ou mensais.

 

Eles compartilham momentos juntos nas redes sociais, em eventos, em família ou em corridas, o esporte preferido do casal.

 

 

Pessoas próximas veem Tabata e João como opostos.

 

“Ele é desbocado, e ela, mais certinha”, diz um funcionário do alto escalão da Prefeitura do Recife.

 

O casal evita trocas de carinho em público. A discrição, diz uma fonte, é uma marca da família de João.

 

Uma exceção ocorreu em 27 de julho, quando o prefeito publicou um beijo do casal em seu stories.

 

O desafio de Tabata

 

Um funcionário da Câmara diz que Tabata detesta qualquer referência que pode ser vista como machista ou fazê-la coadjuvante do namorado.

 

Hoje, ela tenta ganhar mais espaço na corrida pela prefeitura paulistana.

 

Tabata está na quinta colocação, com 8%, indica a mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em 22 de agosto.

 

Seu gargalo é sua projeção: 39% das pessoas não a conhecem, segundo o mesmo levantamento.

 

“Um adversário tem a máquina”, justifica a candidata, se referindo ao prefeito Ricardo Nunes.

 

“O outro adversário principal [Guilherme Boulos] foi candidato a presidente da República e a prefeito, enquanto estou disputando minha primeira eleição majoritária”, afirma.

 

Também estão à frente dela José Luiz Datena (PSDB), quarto lugar, e Pablo Marçal (PRTB), atrás apenas do líder Boulos.

 

Contra Marçal, a deputada divulgou um vídeo na última sexta-feira que o liga a réus em processos criminais.

 

Tabata Amaral não se coloca nem à direita nem à esquerda e evita o termo “centro”.

 

“Se é o centro fisiológico que está aí para apoiar qualquer governo, em troca de cargo e recurso, não quero fazer parte dele”, afirma.

 

“Se é um centro que tem coragem de abraçar as melhores ideias de cada lado, que não se prende a esse jogo de torcida estúpido que a gente está vivendo e tem coragem de enfrentar problemas, me vejo nele”, completa.

 

Essa posição não a priva de ser atacada pela extrema direita com discursos misóginos e criticada pela esquerda por posições antidireitos trabalhistas, por exemplo. Ainda assim, ela diz ter apoio de vários polos.

 

O programa de governo dela tem entre os consultores nomes como o ex-chanceler Celso Lafer, o produtor de funk KondZilla, o economista Armínio Fraga, a ex-secretária de Cultura de São Paulo e de Educação do Rio Cláudia Costin e a médica Ludhmila Hajjar.

 

O João que engaja

 

A reeleição de João Campos no Recife é dada como certa. A piada nos bastidores da pré-campanha é sobre onde será a festa e com qual espumante.

 

Ele tem 76% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada em 22 de agosto, o que valeria a reeleição em primeiro turno.

 

João alçou o próprio nome nacionalmente, nesses três anos, também graças à sua popularidade nas redes sociais.

 

Ele fez um grande investimento na própria imagem e bateu um “recorde histórico” na publicidade na grande mídia local, como avalia o vereador Ivan Moraes (PSOL).

 

O mandato de vereador monitora gastos com anúncios nos veículos de comunicação tradicionais e na internet.

 

Somente em 2023, de acordo com os dados compilados, a prefeitura usou aproximadamente R$ 39,7 milhões para isso – campanhas educativas receberam R$ 32,2 milhões.

 

Quando assumiu, em 2021, João Campos aumentou o valor de R$ 30,8 milhões em publicidade para R$ 36,5 milhões.

 

Em 2022, o valor foi de R$ 41,5 milhões.

 

Estratégia para o casal

 

João Campos tem estado cada vez mais presente nas redes sociais de Tabata, com a proximidade da campanha.

 

Em junho, o prefeito foi citado em quatro publicações em um intervalo de uma semana.

 

No mesmo mês Tabata anunciou o jornalista Pedro Simões, ex-estrategista do prefeito do Rio, Eduardo Paes, como seu novo marqueteiro.

Simões substituiu o argentino Pablo Nobel, cuja empresa fez a campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do presidente argentino Javier Milei.

 

Duas fontes da direção do PSB de São Paulo contam que a troca de Nobel por Simões ocorreu porque Tabata não concordava com a estratégia de polarização proposta por ele.

 

A ideia de Nobel era atacar Jair Bolsonaro e Lula.

 

Simões diz que tem a estratégia de comunicação do prefeito do Recife como uma referência. “A gente olhou bastante para ela.”

 

Apesar disso, há um pedido de Tabata para evitar piadas e humor excessivos nas postagens, contam interlocutores – João surfa em memes e vídeos engraçados.

 

Especialistas em marketing político criticam a postura de aproximação do casal nas redes.

 

Na opinião de um deles, a presença de João na publicidade não traz voto para Tabata e pode até prejudicar.

 

Enquanto a candidata faz denúncias de uso de verba pública de Ricardo Nunes para propagandas, seu namorado também é “vidraça” no Recife, entende a fonte.

 

A imagem de jovem casal, diz, também não cativa mais.





Fonte: Mídianews

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