Mato Grosso

“SEO” ZELITO: UM POLÍTICO DA VELHA GUARDA

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Ex-parlamentar de dois mandatos na Câmara Municipal de Várzea Grande, José Maria da Costa Campos, cuiabano de nascimento, mas varzeagrandense de tradição e coração, nascido em 31 de julho de 1920, se estivesse vivo teria feito 103 anos, recordava com saudades do tempo em que era preciso muita habilidade para a condução da política na cidade fundada por Couto de Magalhães. “O PSD travava uma luta de guerra com a UDN”.
“Seo” Zelito, como era conhecido na Várzea Grande, chegou em 1941. “Vim para tocar um bolicho de sociedade com o Benedito Gomes (ex-vereador e pai do ex-prefeito Carlos Gomes). Vendíamos de tudo e tínhamos uma boa freguesia”. O nome do estabelecimento comercial, conforme lembrava era Armazém Santo Onofre, também era conhecido como Casa da Pobreza. Foi uma época de boas recordações, conforme esclareceu durante a entrevista, na varanda de sua residência, na Avenida Couto Magalhães, ao lado da esposa, Ana Pinto de Campos, e de uma das filhas em agosto de 1992.
Depois de sua fase como comerciante, seo Zelito foi trabalhar no Dermat- Departamento de Estradas e Rodagens de Mato Grosso. Em seguida foi para o CR-5. “Eu já corri o trecho e sei o que é faltar emprego no mercado. Mas graças a Deus, nunca enfrentei esse problema. Trabalhei e formei todos os meus filhos, ao lado da minha esposa”, afirmou. A convivência familiar sempre foi levada a sério por seo Zelito.
Após uma rápida corrida trabalhando como funcionário público, José Maria da Costa Campos voltou a mexer com comércio em Várzea Grande. Desta vez, tocou comércio de sociedade com Gonçalo Botelho de Campos. Isso ocorreu em 1953. “Na época eu residia na esquina do Beco do Porrete (Travessa Aquidaban), e comecei a me interessar pela política local, tamanha a alfinetada por parte dos frequentadores do Beco Mais famoso do Estado”, falava sorrindo. Ali, conforme seo Zelito era parada obrigatória das lideranças do PSD, da UDN e demais analistas de plantão (fofoqueiros).

BECO DO PORRETE
Frequentador assíduo do Beco do Porrete, ele dizia que sentia saudades do tempo em que sentado de cócoras na esquina, trocava conversas com Caetano da Costa, Laurito Abrão Nassardem, Aurélio Tabajara, Joaquim da Cruz Coelho, João Tavares, Jorge Mussa, Benedito Scalante, tenente Cipriano Pereira, João Cassiano Botelho (Bugrelo) e Antônio da Costa Pinto, o popular seo Quitito. Todos frequentavam o Beco do Porrete, segundo ele, a resenha era tão forte que, o primeiro que levantava para ir embora… levava tinta. Esse era o nosso lema.

FAMÍLIA TRADICIONAL
Filho de família da baixada cuiabana, seo Zelito casou-se em 1942, com Ana Pinto de Campos. Desse relacionamento, surgiram doze filhos, sendo um adotivo e muitos netos. Os filhos são: Wilson Godoy de Campos, Irenice Godoy de Campos, Marina Lúcia Godoy Campos, Edemilson Godoy Campos, Regina Célia Godoy Campos, Elisete Godoy Campos, Ana José Godoy Campos, Arilze Godoy Campos, Dayze Godoy Campos, José Maria da Costa Campos, João Santana Godoy Campos e Ronaldo César Moreira de Campos.

POLÍTICA
No que se refere à política varzeagrandense, seo Zelito foi eleito para o primeiro mandato, em 1953, com 312 votos. Ficou na Câmara até 1957, quando partiu para a reeleição. Não deu outra. Foi eleito novamente, desta vez, com 540 votos. Muita gente, inclusive, procurou a família, início do ano, para ver se o seo Zelito sairia candidato. “Eu não sou candidato, mas estou trabalhando, ou seja, ajudando os companheiros”. A fidelidade partidária sempre foi prioridade número um para o seo Zelito. “Acompanho, como sempre, o companheiro Júlio Domingos de Campos – Fiote”.
Só para esclarecer, o PSD, na época, era formado pelas seguintes lideranças políticas: Júlio Domingos de Campos – Fiote, Leôncio Monteiro, Manoel João de Arruda e Estevão Ferreira, entre outros. Já a UDN, era constituída por Ary Leite de Campos, Sarita Baracat, Gonçalo Botelho de Campos e Napoleão José da Costa. “Eu particularmente, após 1961, quando terminou meu mandato, continuei trabalhando na política varzeagrandense”. Seo Zelito acompanhou todos os processos sucessórios do município, até a sua morte em 26 de maio de 1998.
Foi caracterizado como uma liderança e um experiente analista político.

DIVERGÊNCIAS POLÍTICAS
Durante seu primeiro mandato de vereador, o prefeito foi o senhor Júlio Domingos de Campos – Fiote. Ele lembrava que as dificuldades eram grandes, e em todos os setores, como saúde, transportes, educação, saneamento e segurança. Recordava também que como maior bancada, o PSD travava muitas brigas polêmicas com a UDN. Na maioria das vezes, a oposição era feita pela professora Sarita Baracat. Os vereadores da época eram: pelo PSD – José Maria da Costa Campos, Estevão Ferreira da Cunha (Majorzinho) e Manoel João de Arruda. Pela UDN – Sarita Baracat e o Leorico Magalhães.
Perguntado sobre o futuro político do município, “seo” Zelito na época (agosto de 1992), disse que torcia muito para que o deputado Nereu Botelho de Campos (PFL) fizesse uma boa administração, pois o apoiou. Questionado sobre quem foi o melhor prefeito de Várzea Grande até então, respondeu rapidamente: “Essa é uma pergunta meio indiscreta… após uma pausa, disparou, foi Júlio José de Campos. Ele modificou a cidade de Várzea Grande”, disse.
José Maria da Costa Campos, bastante conhecido como Zelito, foi servidor da Prefeitura Municipal de Várzea Grande, por um bom tempo. Seu jeito calmo, bom de papo, alegre, contador de histórias, sempre estava rodeado por muitas pessoas, pois era muito querido e responsável em tudo que fazia.
Seo Zelito, por todos os seus feitos e pela bela história de vida, tendo uma família maravilhosa e tradicional da Cidade Industrial, é o nosso grande homenageado.

Wilson Pires de Andrade é jornalista em Mato Grosso.

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