Mato Grosso

Desembargadores do TJ-MS suspeitos de vender sentenças ainda não colocaram tornozeleira

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Os cinco desembargadores que são suspeitos de participarem de um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJ-MS) ainda não colocaram tornozeleira eletrônica. A informação foi confirmada pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen-MS).

No último dia 24, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento dos cinco magistrados e o uso de tornozeleira eletrônica pelos desembargadores. No entanto, mais de duas semanas após a decisão, eles continuam sem utilizar o dispositivo de monitoramento eletrônico.

“O trabalho da Agepen começa quando eles se apresentam para instalar o equipamento. Nenhum se apresentou até o momento”, informou a agência por meio de nota.

A operação que investiga o suposto esquema de venda de sentenças foi deflagrada pela Polícia Federal com autorização do STJ. Em 26 de outubro, dois dias após o início da operação, o caso foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

 

A investigação ficará sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin. Um outro caso, envolvendo suspeitas contra desembargadores do Mato Grosso, também foi direcionado ao magistrado. Conforme apurou a CNN, as investigações se conectam porque um mesmo lobista atuaria no esquema.

O ministro encaminhou o caso para avaliação da Procuradoria-Geral da República (PGR). Caberá ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, definir os próximos passos da apuração.

Gonet deve analisar, por exemplo, se os autos devem permanecer no STF ou se devem ser enviados à primeira instância da Justiça.

Operação

A operação deflagrada pela PF contra vendas de sentenças no TJMS foca principalmente em cinco desembargadores.

São eles:

  • Sérgio Fernandes Martins; presidente do TJ-MS;
  • Sideni Soncini Pimentel; futuro presidente do TJ-MS;
  • Vladimir Abreu Da Silva; futuro vice-presidente do TJ-MS;
  • Marcos José de Brito Rodrigues;
  • Alexandre Aguiar Bastos

Os cinco foram afastados dos cargos por decisão do STJ.

Martins é o atual presidente do TJ. Ele é apontado pela PF, em um relatório enviado ao STJ, como alguém que teria recebido dinheiro vivo sem declarar e comprado carros e mais de 80 cabeças de gado, sem registros de saques das quantias, conforme mostrou a CNN.

Segundo a PF, a operação batizada de “Última Ratio” tem o objetivo de investigar possíveis crimes de corrupção nas vendas de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul.

Com base na investigação da PF, o STJ determinou o afastamento do exercício das funções públicas dos servidores, a proibição de acesso às dependências de órgão público, a vedação de comunicação com pessoas investigadas e a colocação de equipamento de monitoramento eletrônico.

Ainda na quinta-feira (26), o TJMS informou, em nota, que está ciente da operação que ocorre nas dependências da Corte.

“Até o presente momento, o TJMS não teve acesso aos autos e ao inteiro teor da decisão que motivou a ação. Em virtude disso, não dispomos de subsídios suficientes para emitir qualquer declaração ou posicionamento sobre os fatos. Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a legalidade, e assim que tivermos mais informações, estaremos à disposição para atualizações”, diz o comunicado.

A CNN solicitou atualização ao tribunal e aguarda resposta. Também entrou em contato com o STF, mas ainda não obteve retorno.



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