O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) comentou sobre a Operação Ragnatela, deflagrada pela Polícia Federal nesta semana. Ele desmentiu a especulação que teria se “vendido” por uma caixa de cervejas Heineken, negou o envolvimento com o Comando Vermelho e ironizou o fato de ser um ‘prefeito do povo’ e por isso tira foto com todo mundo. Durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (7), o gestor ainda teve tempo para cobrar do Governo do Estado mais segurança pública ao dizer que a facção estreia vencendo a ‘guerra’ contra o crime organizado em Mato Grosso.
Consta no relatório de investigação feito pelas Forças de Segurança que em um dos trechos de conversas envolvendo o promotor de eventos Elzyo Jardel Xavier Pires (preso durante a operação), ele aponta em tom de deboche que Emanuel não atendia a pedidos para influenciar atos e ações de fiscalizações ambientais e concessão de alvarás de funcionamento, em benefício das casas noturnas, shows e eventos utilizados pelo grupo para lavar dinheiro do Comando Vermelho.
Pinheiro reclamou da tentativa de ligá-lo aos criminosos e negou ter se “vendido” por uma caixinha de cerveja. “Eu acho até graça essas coisas, que eu gosto de Heineken a cidade inteira sabe tomo todo dia, ontem mesmo tomei. Como sou muito popular e eu sou o prefeito do povão, todo mundo chega perto de mim, todo mundo me abraça, tira foto comigo, eu abraço todos. A prova maior é que eles me chamaram de bosta, porque o pedido deles não foi atendido. Então, você quer uma coisa mais honesta do que isso? Agora, é claro, o prefeito da capital sempre chama atenção, vende mais mídia, ainda mais um cara polêmico como eu, atraente politicamente”, ironizou o gestor.
Questionado sobre o envolvimento do vereador Paulo Henrique (MDB), que além de correligionário de partido já foi líder dele na Câmara de Cuiabá, Emanuel disse que ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito de sentença penal condenatória. “É uma operação, está em investigação. Ou seja, ele tem direito à defesa, todos os envolvidos têm direito à defesa. Ele vai se defender do que está sendo acusado, que eu mesmo não sei”, enfatizou.
O chefe do Palácio Alencastro ainda explicou que conhece o promoter de eventos, Rodrigo de Souza Leal, preso na operação, apenas por ele ser do ramo de shows e que não teria como saber que ele era envolvido com a facção criminosa. “Político que fala que não conhece o Rodrigo Leal, no setor de eventos, acho que tá querendo tapar o sol com a peneira. Tínhamos uma relação boa, mas tem uns três anos que ele sumiu, nunca mais falou. Eu não sabia desse envolvimento dele, não tem como saber”, enfatizou Pinheiro.
Por fim, o prefeito concordou com o deputado federal Abilio Brunini (PL) que disse que a Operação Ragnatela revela que a segurança pública de Mato Grosso não funciona e que o crime organizado tem vencido no Estado que se recusa a investir no policiamento, e na Polícia Militar, dando margem para que o Comando Vermelho se expanda e trabalhe livremente.
“Se eles chegaram numa autoridade pra tirar foto é porque a segurança pública do estado não funciona. Se tivesse cumprido o rigor da lei e tivesse sido preso, ele não estaria por aí abordando as autoridades. Esse é o fato que tem que ser discutido e o deputado Abílio matou o pau. O narco-estado está vencendo a guerra de segurança pública com o estado de Mato Grosso. Acabou a segurança pública aqui, semana passada mataram 10 e está assustador”, desabafou.