Investigado na Operação Ragnatela, o vereador por Cuiabá, Paulo Henrique (MDB), negou ter usado a conta bancária do Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização do Município de Cuiabá (Sindarf) para fazer transações pessoais, como a compra de uma bolsa de luxo de R$ 5,9 mil, e a utilização de servidores fantasmas como ‘laranjas’ para a lavagem de dinheiro.
Alguns servidores sindicalizados pedem a destituição de Paulo Henrique da presidência do sindicato. Ele se defendeu explicando que em 2020 teve alteração no estatudo da entidade e em outubro de 2023 esse grupo afirmou desconhecer tal mudança e fez uma assembleia para destituir a diretoria, segundo ele na tentativa de “dar um golpe”. “Fomos para a Justiça e eles perderam e eles desfiliaram do sindicato. Estou tranquilo sobre isso, sindicato é privado não tem nada a ver com questão pública”, explicou em entrevista ao Jornal da Cultura FM na última sexta-feira (7).
Paulo Henrique também é suspeito de receber propina da organização criminosa. Conforme as investigações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO-MT), comandada pela Polícia Federal, o Sindarf teria recebido R$ 10,5 mil em telhas “doadas” por Willian Aparecida da Costa Pereira, o “Gordão”, um dos donos do Dallas Bar – ligado ao CV, e utilizado para lavagem de dinheiro.
“Sobre a questão das telhas, respeito muito o trabalho da polícia, mas ultrapassa isso para mim foi um erro fatal, é mentira. Na época o diretor social precisava fazer um galpão, fizemos a cotação de preço e essa empresa do Wilian foi a mais barata. Nós pagamos a empresa e foi pago, como que ele beneficiou o sindicato se nós o pagamos”, esclareceu.
Os investigadores também estranharam a existência de vários cartões de crédito e débito na galeria de fotos do celular do parlamentar, acreditando serem indícios de contratação de servidores fantasmas para seu gabinete na Câmara Municipal de Cuiabá. Foi identificado pelos agentes uma compra, em fevereiro de 2023, de uma bolsa de luxo, pelo parlamentar. Para a aquisição, Paulo Henrique teria utilizado a conta bancária do sindicato.
Segundo os investigadores, a manobra seria para disfarçar as transações, algo que ele nega. “Tinha uma funcionária que trabalha no sindicato desde 2016 em questão de contrato e passou a ser CLT. No acerto contratual ela pediu para ao invés de fazer isso, faça isso e pagou a bolsa para ela através de uma recisão, isso tá documentado. Eu achei um erro, mas foi acerto contratual”, afirmou Paulo Henrique.
Também foi destacada pelos investigadores a existência de várias informações que fazem referência a José Márcio Ambrósio Vieira e ao Jeep Compass do parlamentar, que foi apreendido durante a deflagração da operação. Ele é tio da atual esposa do vereador e é suspeito de ser o principal ‘laranja’ do parlamentar.
“O Jeep Compass é da minha esposa e na época da compra, ela estava restrita com o nome e ela pediui para a tia financiar o veículo. Na época ela deu de entrada um veículo que ela já tinha, no valor de R$ 40 mil. Tenho documentos disso, a prestação era de R$ 1,9 mil inclusive”, ressaltou.
Ao todo, oito mandados de prisão preventiva foram expedidos, além de outros 36 de busca, nove sequestros de imóveis, 13 sequestros de veículos, dois servidores públicos afastados, quatro suspensões de atividades comerciais e 68 bloqueios de contas bancárias. A organização criminosa teria movimentado um total de R$ 77 milhões.