Saúde
Celulares nas escolas: entenda polêmica e efeitos na saúde mental

O Projeto de Lei nº 4.932/2024 restringe o uso de celular e outros aparelhos eletrônicos portáteis — como tablets e smartwatches — em escolas públicas e privadas por todo o país, durante as aulas, recreios e intervalos. Educadores esperam que a medida freie o uso excessivo de telas por crianças e adolescentes, contribuindo para a saúde mental deles.
O que muda?
Alunos ficam impedidos de utilizar celulares e outros aparelhos eletrônicos, inclusive no recreio e intervalo entre as aulas.
Há exceções, como uso em atividades pedagógicas e com autorização do colégio.
Em casos de “perigo, de necessidade ou caso de força maior”, os estudantes poderão ter acesso aos aparelhos.
Também fica permitido celular para acessibilidade, inclusão e atendimento às condições de saúde dos alunos.
Estudos mostram que o uso excessivo de telas tem impactos na e na capacidade criativa do público infantil. Além disso, o uso excessivo e sem orientação pode levar à dispersão, dificultar a concentração e a retenção de informações e prejudicar a qualidade do aprendizado.
“Muitas vezes, ao estarem com seus dispositivos, os estudantes se desconectam do ambiente escolar, das interações sociais ao redor deles. Isso pode dificultar o desenvolvimento de habilidades sociais importantes, como a empatia e a resolução de conflitos”, aponta a professora Alana Danielly Vasconcelos, do programa de Pós-Graduação de Educação da Universidade Tiradentes, em Minas Gerais.
A psiquiatra Luana Dantas, coordenadora do núcleo infantojuvenil da Holiste Psiquiatria, vê a proibição das telas nas escolas como uma medida educativa e necessária.
“A iniciativa não deve ser vista como uma punição, mas como um meio de auxiliar os estudantes a desenvolverem habilidades essenciais, como foco, disciplina e responsabilidade pelo próprio aprendizado”, afirma.
Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), feito a partir da revisão de 142 artigos científicos, associou o abuso da exposição a telas ao
Os artigos analisados mostram ainda a ocorrência de problemas como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), além do desenvolvimento precoce de doenças crônicas associadas à obesidade, como consequência do uso dos aparelhos eletrônicos.
Crianças com sintomas de dependência e abstinência
Luana explica que os aplicativos utilizados nos aparelhos eletrônicos ativam mecanismos de recompensa no cérebro, estimulando a liberação de dopamina, o neurotransmissor associado ao prazer e à motivação.
O processo é semelhante ao que ocorre com outros hábitos viciantes, como o consumo excessivo de açúcar ou jogos de azar. “O imediatismo proporcionado pelas notificações, curtidas e interações nas redes sociais faz com que o cérebro das crianças e adolescentes busque constantemente novas doses de estímulo, criando um ciclo difícil de interromper”, afirma.
O cérebro de crianças e adolescentes ainda está em desenvolvimento, o que os torna mais vulneráveis à compulsão digital. De acordo com a psiquiatra, a falta de controle e limites no uso das telas pode causar problemas emocionais, como ansiedade, irritabilidade e dificuldade em lidar com momentos de tédio sem recorrer ao celular.
“Cada vez mais recebemos jovens, sobretudo pré-adolescentes entre 11 e 13 anos, que se isolam nos celulares mesmo dentro das escolas, não socializam. Em efeitos de saúde mental, será muito interessante permitir que as crianças retornem para as instituições de ensino sem a mediação do aparelho, sem olhar as redes sociais porque acham que a aula está chata”, considera a médica.
A especialista destaca que os pais e educadores precisam ajudar as crianças nesse caminho, estabelecendo regras claras sobre o uso da tecnologia e incentivando atividades que estimulem outras formas de prazer e aprendizado, como esportes, leitura e interações sociais presenciais.
Uso saudável da tecnologia
De acordo com a professora do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes Catiele Reis, especializada em Psicologia da Infância, é recomendado que as crianças usem tecnologia por, no máximo, duas a quatro horas por dia. Mas o tempo de tela tem aumentado muito desde a pandemia da Covid-19.
“O hábito atrapalha a rotina porque o celular acaba ocupando muito tempo da pessoa, que deixa de lado outras atividades, principalmente as de convivência. A consequência disso é uma maior irritabilidade, menor tolerância, frustração e dificuldade de socialização”, alerta Catiele.
Tecnologia nas escolas
Alguns profissionais ponderam que o celular não é o vilão. O problema está na forma como ele é usado tanto pelas crianças e adolescentes, quanto por adultos.
Alana destaca que os aparelhos eletrônicos podem ser benéficos para o aprendizado se utilizados de uma forma adequada porque oferecem acesso a recursos educacionais, à interatividade e à personalização do ensino.
“As tecnologias digitais são uma forma de linguagem da sociedade em que vivemos, onde praticamente todos os serviços são mediados por elas. Os celulares e tablets também são recursos poderosos dentro da educação. O desafio é buscar o equilíbrio utilizando essa tecnologia de maneira consciente, com propósito educacional”, afirma a professora.
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