Saúde
Cortisol é supervilão? Saiba efeitos reais do inimigo das blogueiras

Especialistas, no entanto, alertam que as blogueiras podem estar simplificando demais um tema complexo para vender soluções mágicas para um hormônio que está longe de ser problema.
Apesar de ser associado a vários efeitos considerados ruins, o cortisol é fundamental para o funcionamento do organismo. na realidade ele é essencial para a saúde e é, literalmente, o responsável por nos fazer acordar todos os dias.
O que é o cortisol?
, desempenhando papel fundamental na regulação de várias funções no corpo. Ele é ativado em momentos de pressão ou desafios, ajudando o organismo a responder às situações.
Quando os níveis de cortisol estão equilibrados, ele contribui para a energia, regula o metabolismo e controla a resposta imunológica. Mas, na internet, o hormônio passou a ser o culpado pelo inchaço, desânimo, palidez, e até tristeza, como se viver com os níveis da substância desregulados fosse um cenário comum para a maioria das pessoas.
Endocrinologistas explicam, porém, que síndromes hormonais que afetam o cortisol são raríssimas, na ordem de menos de 10 casos para cada 100 mil habitantes, seis vezes menos que o câncer de mama, por exemplo.
“Nossas glândulas adrenais produzem o cortisol para equilibrar o metabolismo do açúcar, gordura, proteínas e cálcio, entre outros”, esclarece o endocrinologista André Câmara de Oliveira, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEMSP).
“Ele também regula o sistema imunológico e tem função crucial em momentos de estresse, ajudando a manter a pressão arterial elevada e aumentar os níveis de glicose para gerar energia rápida em situações que potencialmente temos que lutar pela sobrevivência”, indica o médico.
Quando o cortisol sai de controle?
O cortisol pode, de fato, alcançar níveis preocupantes, especialmente nos casos da raríssima síndrome de Cushing. Causada como reação a medicamentos ou a tumores e doenças das glândulas supra-renais, a síndrome leva a níveis elevados do hormônio.
O hipercortisolismo pode, de fato, causar excesso de peso, principalmente acumulando gordura na face e abdome, causar estrias profundas e vivas na pele, especialmente no dorso superior, além da perda de massa muscular, um maior risco de diabetes, osteoporose e de aumento de pelos na face.
São ainda mais raros os casos de hipocortisolismo, cuja sintomatologia inclui emagrecimento, fraqueza, queda de pressão e glicemia baixa.
O ciclo do cortisol
Os níveis de cortisol variam durante o dia, em sintonia com o ciclo circadiano. O pico de produção ocorre pela manhã, logo após acordar, com o hormônio sendo liberado para que o corpo tenha energia para despertar, e vai diminuindo gradualmente durante o dia.
O efeito do cortisol é praticamente imediato no organismo. Em situações de estresse, é liberado em picos, sendo rapidamente absorvido quando a situação ameaçadora passa. Por isso, os picos não são indicativos de um problema crônico, embora não seja saudável viver em contextos de estresse profundo.
Em casos de estresse crônico, o aumento do cortisol pode contribuir para o acúmulo de gordura abdominal, mas o ganho de peso é multifatorial. Genética, alimentação e estilo de vida também desempenham papéis decisivos.
“O estresse pode levar ao aumento de peso. Entretanto, na maioria dos casos, o cortisol não é o vilão do ganho de quilos e tampouco da dificuldade em perdê-los. Além da predisposição genética, que varia de uma pessoa para outra, o estilo de vida do indivíduo pode explicar a disputa com a balança”, completa o endocrinologista Sonir Antonini, também da SBEMSP.
O cortisol é produzido pelas glândulas supra renais
Suplementos para controlar o cortisol
No mercado das redes sociais, a venda de suplementos e de programas de limpeza da rotina para reduzir o cortisol têm ganhado destaque. Nos últimos meses, por exemplo, ganhou popularidade o suplemento de ashwagandha (ou ginseng indiano), fitoterápico apontado como anticortisol.
Em setembro de 2024, o Instituto Federal Alemão de Saúde emitiu um alerta sobre o uso de ashwagandha, especialmente em crianças, mulheres grávidas e pessoas com problemas no fígado por falta de dados sobre seu impacto no corpo.
“Os efeitos agudos relatados do uso de suplementos contendo ashwagandha incluem queixas digestivas como náuseas, vômitos e diarreia, bem como sonolência, dores de cabeça, tonturas e erupções cutâneas”, alerta a autoridade alemã.
Quem deve fazer o check up de cortisol?
O diagnóstico de um possível desequilíbrio no cortisol deve ser feito por um profissional qualificado, baseado em exames específicos e no acompanhamento de sintomas clínicos. Entre os sinais que indicam a necessidade de investigação estão hipertensão arterial fora da faixa etária habitual, obesidade centrípeta (corpo em formato de maçã), fraqueza muscular e a presença de hematomas espontâneos.
A inclusão do exame não é recomendada em check ups. Segundo os endocrinologistas, medir os níveis de cortisol sem indicação médica pode ser ineficaz e levar a conclusões precipitadas.
Exames como o cortisol salivar são úteis em situações clínicas específicas, como a síndrome de Cushing, mas não devem ser realizados rotineiramente. “Não se deve dosar cortisol como sinônimo para o estresse, pois isso significa um diagnóstico e pode até prejudicar o paciente”, conclui Cunha.
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